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Mulher de Verdade / The Palm Beach Story (1942)

No que você pensa quando pensa em férias? Folga, descanso, diversão, praia? Pois bem, se existe um filme que combina perfeitamente com férias na praia, é “Mulher de Verdade / The Palm Beach Story”, uma deliciosa screwball comedy de Preston Sturges, o mesmo gênio que levou para as telas “As Três Noites de Eva / The Lady Eve” em 1941.
A sequência inicial é uma das melhores da história do cinema. Porque sequer o casamento de Gerry (Claudette Colbert) e Tom (Joel McCrea) começou do modo convencional. Conforme passam os créditos, vemos a excitação do noivo, a fuga da noiva trancada em um armário (??), os dois sustos que a empregada leva e finalmente o casamento, tudo no frenético ritmo das comédias do cinema mudo. Cinco anos se passam, e eles não estão vivendo felizes para sempre. Tudo recomeça quando o casal está para ser despejado, mas Gerry recebe a ajuda inusitada de um velho rico e surdo, o Rei das Salsichas (“Wienie King”, interpretado por Robert Dudley), que lhe dá mais do que o suficiente para pagar o aluguel e se divertir um pouco.
Mas isso foi demais para Tom. Ele briga com a esposa e, mesmo depois de se beijarem e tudo parecer bem de novo, Gerry decide que está atrapalhando o marido e resolve se separar. A conselho de um taxista, em vez de ir buscar os papéis do divórcio em Reno, ela parte para Palm Beach.
No trem, ela conhece o rico J.D. Hackensacker (Rudy Vallee, interpretando um personagem que poderia ter sido batizado por Groucho Marx) e ele compra roupas novas para ela, já que as roupas de Gerry haviam ficado em um vagão cheio de homens bêbados. E logo J.D. está apaixonado, e ele leva Gerry para Palm Beach em seu iate. Lá eles encontram a irmã dele, a Princesa Centimilla, ou melhor, Maud (Mary Astor), que está com seu novo namorado, o estrangeiro bobo Totó (Sig Arno). E ela abandona Totó quando conhece Tom, que é apresentado como o irmão de Gerry, e não o marido dela.
Sim, esta é provavelmente a sinopse mais confusa de todos os tempos. Porque Preston Sturges não brincava em serviço. O filme tem apenas 83 minutos, mas é acelerado, frenético, até mesmo vertiginoso. E ainda assim temos a sensação de que ele poderia durar mais, muito mais. É uma screwball comedyda melhor qualidade, com Claudette Colbert sedutora (em um papel concebido para Carole Lombard), Joel McCrea adorável e confuso, dois excelentes coadjuvantes cômicos que roubam a cena (Totó e o Sr. Hinch) e a deliciosa personagem de Mary Astor, falante, desmiolada e muito, muito divertida.
E ainda houve alguns problemas neste filme quase perfeito: Mary Astor teve dificuldade de se adaptar ao estilo perfeccionista de comédia que Sturges queria, mas isso nunca fica aparente no filme pronto.
Preston Sturges mergulha no mundo dos ricos e excêntricos com conhecimento de causa. Sua segunda esposa foi Eleanor Hutton, uma moça rica que fugiu para se casar com Preston em 1930. Durante dois anos ele frequentou o curioso mundo dos milionários (incluindo Palm Beach), até que Eleanor pediu a anulação do casamento em 1932, pois Preston ainda não havia se divorciado da primeira esposa quando se casou com Eleanor.
A praia de Palm Beach sequer é vista no filme, mas o porto e o iate são dois importantes cenários – embora percam muito comparados com os interiores maravilhosamente decorados. Mas os cenários não são a atração principal: com uma ação rápida e falas divertidas, há pouco tempo para se prestar atenção nos detalhes.
Embora Claudette Colbert esteja bem, Joel McCrea fica um pouco apagado, e com certeza seria completamente engolido se a protagonista feminina fosse interpretada pela brilhante Carole Lombard. O destaque fica para Sig Arno, que arranca risadas a cada cena, e a surpreendente Mary Astor, brilhando como nunca na comédia.
Depois de 83 minutos que passam muito, muito rápido, ficamos com vontade de ver mais. Imagine se a história de Gerry e Tom tivesse uma continuação (a Hollywood moderna não perderia tempo)! Mas Preston Sturges, roteirista, diretor e produtor, decidiu terminar no auge, com uma sequência final ainda mais engraçada que a inicial... e mais deliciosa que qualquer festa na praia.

This is my contribution to the Beach Party Blogathon, hosted by Ruth at Silver Screenings and Kristina at Speakeasy. Aloha! 

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